quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Amor ao acaso.



 O relógio despertou me acordando, e com aquele barulho irritante, veio também, alguns segundos depois, o barulho de chaves batendo umas nas outras. As chaves dele. Nove horas. Tínhamos reservas pro meu restaurante preferido naquela noite, pois aquela seria a nossa noite. Hoje era o nosso dia. Hoje faria um ano. Um ano desde que eu encontrei aquele par de olhos no meio da Avenida Paulista e tudo aconteceu.
 Três meses antes do dia em que nos conhecemos, se o meu olhar encontrasse o de algum estranho no meio da rua, e ele, talvez sem intenção nenhuma, o sustentasse por alguns segundos, eu já estava convencida de que ele era o homem da minha vida, e que tínhamos sido feitos um para o outro e de que aquilo era um sinal para correr atrás dele. Mas não tinha sido três meses antes, e então, quando eu percebi que nossos olhares se sustentavam havia algum tempo, tratei de virar o rosto, desviar o olhar, sair de lá, mas cês sabem, a Avenida Paulista é um inferno na hora do rush, e tudo o que eu consegui fazer foi esbarrar nas pessoas, e o mesmo ocorreu com ele. Mas ele não estava correndo de algo, como eu estava. Ele estava correndo para algo, e esse algo era eu.
 Desde aquele momento ele me encantou completamente, e por mais que eu não quisesse assumir, ele já tinha ganho meu coração nos primeiros minutos daquela nossa conversa um tanto quanto aleatória naquele mesmo dia. Falamos sobre música, filmes, livros, blogs, peças de teatro e até sobre algumas lojinhas bem bacanas da 25 de março, e éramos tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão parecidos. Tão feitos um pro outro de um jeito totalmente não perfeito, e mesmo assim tão perfeitos. Eu sorri ao lembrar de todos os altos e baixos, e de todas as coisas que aconteceram que pareciam ter sido planejadas pelo destino para nos testar, tentar nos separar, mas era inevitável: tínhamos um laço forte de mais para ser entendido, quanto mais explicado. 
 Me lembro perfeitamente das palavras que saíram naquela voz doce meio rouca quando ele finalmente conseguiu me encontrar naquela avenida: "Ei, eu sou o Mateus, podemos tomar um café?", e o dono daquela mesma voz naquele momento me chamava, me tirando, assim, dos meus devaneios. Ele estava parado ao pé da cama com uma regata branca, uma bermuda qualquer e com uma bandeja com o café da manhã, e parecia um anjo, ele sempre parecia um anjo. Aquilo, por mais incrível que pareça, não era um sonho: ele era meu. E se fosse um sonho, alí, sentada naquela cama com a blusa dele, eu fiz o desejo mais verdadeiro da minha vida: que eu não acordasse nunca.


                 


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